47ª. SESSÃO SOLENE DA 4ª. SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA IX LEGISLATURA.

 


Em 22 de outubro de 1986.

Presidida pela Ver.ª Gladis Mantelli - Vice-Presidente.

Secretariada pelo Ver. Aranha Filho - Secretário “ad hoc”.

Às 14h35min, a Sra. Gladis Mantelli assume a Presidência.

 

 


A SRA. PRESIDENTE: Havendo número legal, declaro abertos os trabalhos da presente Sessão Solene, destinada à entrega do título de Cidadão Emérito ao Sr. Fedele Feoli.

Solicito aos Srs. Líderes de Bancada que introduzam no Plenário as autoridades e personalidades convidadas. (Pausa.)

Convido a tomarem assento à Mesa: Sr. Vittorino Rotondaro, Cônsul-Geral da Itália; Sr. Francisco Antônio Feoli, Vice-Presidente da Cambial; Sr. Sérgio Feoli, Diretor da Cambial; Prof. Dante Laitano, Presidente da Academia Riograndense de Letras; Sr. Fedele Feoli, homenageado e Sra. Maria Ângela Mainieri Feoli, esposa do homenageado; Ver. Aranha Filho, proponente da Sessão e Secretário “ad hoc”.

Falará, pelas Bancadas da Casa e em nome do Vereador independente Jorge Goularte, o Ver. Aranha Filho.

 

O SR. ARANHA FILHO: Sra. Presidente, Srs. Vereadores e Srs. Convidados: guardo bem na lembrança quando ainda jovem, muito jovem, meu pai nos levava a passear no Centro de Porto Alegre, é lógico, usando o bonde. E diversas foram as vezes em que o velho Martim nos levava até a Cambial para bater um papo com o Fedele. E por vezes o velho não cansava de dizer que a sua maior herança, ou a sua herança, eram os seus amigos. E eu pude ver, nesta quadra de vida, exatamente isto acontecer. Mas, crescendo assim, visitando, vez por outra o Fedele, vi junto dele os seus filhos que mais tarde, nos bancos escolares viemos a nos encontrar, viemos a nos identificar e aquela lembrança de antigamente, passeando pelo Centro, quando chegávamos às lojas do Feoli, nos lembrávamos que aqueles rostos, dos bancos escolares, eram os mesmos, e a amizade de então, dos nossos pais, era direcionada também para os filhos e aí - e justamente aí - que eu vi, e este é um exemplo, apenas, quão sábias eram as palavras do meu pai: uma grande herança me deixou, que são seus amigos. E nós, junto com a amizade do velho Feoli, junto com a amizade dos seus filhos é que nós vamos levando esta vida, semeando amigos, adquirindo outros. E como homem público isto nos orgulha e nos anima. É realmente dignificante numa hora destas, falar em nome da Casa, em nome da Casa do povo de Porto Alegre, dos seus representantes, para homenagear uma figura do tipo, da estirpe e do jeito de Fedele Feoli.

Falarei em nome de todos os partidos e do meu próprio, o PFL e mais, em nome do Ver. Jorge Goularte, independente. (Lê.)

Cabe-me, e faço dominado da mais intensa satisfação, saudar neste momento, desta tribuna, a pessoa insigne de Fedele Feoli que recebe desta Casa o título de Cidadão Emérito de Porto Alegre.

Justa e merecedora homenagem é concedida a este lidador vigoroso do trabalho, da inteligência e da capacidade.

Homem que madrugou na vida comercial e que viveu sempre numa realidade magnífica, concretizada de êxito e sucesso.

Tornou-se um brasileiro pela ação construtiva, pelo caráter, pelo sentimento e pelo patriotismo bem compreendido e aprimorado.

Adquiriu a cidadania natural, pelo fruto da labuta perseverante, venceu, valorosamente, porque lutou, heroicamente.

Figura exponencial da comunhão rio-grandense, um homem de qualidades preclaras, a quem a coletividade deve um tributo de admiração.

Incorpora-se, sem dúvida, à galeria de valores humanos.

Iniciou suas atividades profissionais no Brasil, com muita dificuldade, tendo aprendido o português através da comparação dos jornais brasileiros com os italianos.

Fedele Feoli, nasceu em Morano Calabro, na província de Conzensa, na Itália, em 29 de setembro de 1911. Chegou ao Brasil em 12 de abril de 1934, se estabelecendo com uma agência lotérica - a 1º de maio desse mesmo ano - na Rua Marechal Floriano, n.º 50, em Porto Alegre. Juntamente com a venda de bilhetes ele somou uma engraxataria e uma charuteria, ampliando seu ramo, de atividades.

O senhor Fedele casou com dona Maria Angela Mainiere, tendo os seguintes filhos: Therezinha Marlene Feoli, Santo Sérgio Feoli e Francisco Antônio Feoli.

Após a segunda grande guerra mundial, ingressou no ramo fotográfico, sendo um dos pioneiros nessa especialidade no sul do país e a sua casa comercial foi a primeira em Porto Alegre.

Atualmente, a Cambial é a maior empresa especializada em video-foto-som do Rio Grande do Sul.

Ao longo dos últimos 50 anos, Fedele Feoli viajou para a Europa e Estados Unidos, visitando feiras e indústrias de equipamento fotográfico, trazendo para nossa capital conhecimentos do desenvolvimento tecnológico do ramo.

A empresa conta, hoje, com mais de 300 funcionários em 18 lojas de Porto Alegre, Canoas, Novo Hamburgo, Pelotas e Rio Grande, processando todo serviço de foto-acabamento em moderno laboratório eletrônico de sua propriedade.

Nosso homenageado, dedicando-se à fotografia, se realizou, porque uma câmara fotográfica, registra tudo, diferente do pintor que arma seu cavalete em frente uma paisagem e fica livre para escolher só aquilo que convém a seu quadro, deixando o resto de lado, mas o fotógrafo tem a possibilidade de registrar em forma gráfica o que vê no mundo que o rodeia.

O filme de Fedele Feoli é um magnífico exemplo do quanto pode o esforço progressivo bem orientado.

Mostrou na sua vida a perseverança e a labuta aos seus filhos que também participam do seu trabalho e hoje estão ao seu lado e bem podem se orgulhar do pai, este homem que nasceu para tudo fazer na vida com entusiasmo, chegando agora a catalogar suas próprias realizações; motivo pelo qual saúdo com honra e amizade esse vencedor indiscutível, que carrega, sem arrogância nem impertinência, mas com dignidade e nobreza, o peso da glória sobre os ombros.

Detenho-me aqui, não é preciso me alongar mais. Fedele Feoli é por demais conhecido. Sua pessoa aqui marca uma presença incentivadora e nos Anais desta Casa, registrada de público, fica junto com esta saudação à célebre frase: “o homem que trabalha sempre é bom”. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTE: Com a palavra, o Sr. Darcio Ferranini, Gerente Nacional do Kodak.

 

O SR. DARCIO FERRANINI: Boa tarde, senhoras e senhores. Em meu nome e em nome da Diretoria da Kodak é uma honra, é uma satisfação pessoal estarmos participando desse evento muito sensibilizador para nós, que conhecemos de longa data o trabalho do Sr. Fedele Feoli e de seus filhos. Estamos aqui, como todos vocês, prestigiando o homenageado e na qual ganha a Cidade de Porto Alegre, reconhecido pelo trabalho deste homem trabalhador inveterado e que isto sirva de exemplo para toda a geração futura. A nossa empresa se caracteriza como uma empresa líder mundial em fotografia e, se não tivéssemos uma empresa como a Cambial, não estaríamos também num lugar de destaque. O nosso sucesso depende exatamente do sucesso de uma pessoa que trabalha tanto pelo mercado como pela comunidade. Em nome da Kodak, quero homenagear ao Senhor Fedele e a todos os seus familiares. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

(O Sr. Darcio Ferranini faz a entrega de uma lembrança ao Sr. Fedele Feoli.)

 

O SR. FEDELE FEOLI: Agradeço à Kodak brasileira pela lembrança. (Palmas.)

 

A SRA. PRESIDENTE: Com a palavra o Sr. Carlo Tanferna, representante da Região da Calábria.

 

O SR. CARLO TANFERNA: Direi algumas palavras em língua italiana pois, infelizmente, não sei falar em português. Peço desculpas.

Considero um privilégio estar aqui presente nesta significativa cerimônia em homenagem ao mais honrado homem, o Sr. Fedele Feoli que, com seu trabalho e sua inteligência, muito honrou não apenas a Morano Calabro onde nasceu, como também à Calábria e, sobretudo, a Porto Alegre que hoje, justamente, reconhece o seu mérito.

Em nome da região da Calábria e dos meus colegas aqui presentes quero expressar as minhas mais vivas congratulações, juntamente com os desejos de um mais radioso futuro para ele e toda sua família, como também a todos os calabreses que vivem nesta Cidade de Porto Alegre. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

(Discurso traduzido pela Sra. Maria Feoli Guaragna, Professora de Italiano no Instituto de Letras da UFRGS, presente à Sessão.)

 

A SRA. PRESIDENTE: Convidamos a Srta. Cristina Feoli para entregar flores a Sra. Maria Ângela Mainieri Feoli.

 

(Faz a entrega.) (Palmas.)

 

A SRA. PRESIDENTE: Convidamos a todos que, de pé, assistam a entrega do título de Cidadão Emérito a Fedele Feoli. A Câmara Municipal de Porto Alegre confere o título de Cidadão Emérito a Fedele Feoli, pela valiosa contribuição com o seu trabalho em prol do engrandecimento da sociedade porto-alegrense. Porto Alegre, 22 de outubro de 1986. Assinam: Ver. Isaac Ainhorn - 1º Secretário da Casa e Ver. André Forster - Presidente. (Palmas.)

Convidamos a falar o nosso caro homenageado Fedele Feoli.

 

O SR. FEDELE FEOLI: Ilustríssima Sra. Presidente da Câmara de Vereadores de Porto Alegre, demais autoridades aqui presentes, Senhoras e Senhores. (Lê.)

“Os sentimentos que trago hoje em meu coração são bem distintos das aflições que trazia na bagagem do distante 12 de abril de 1934, quando botei os pés pela primeira vez em solo brasileiro.

Hoje, recebo a mais honrosa homenagem de cidadania que um humilde imigrante poderia receber, por um gesto de bondade e nobreza do excelentíssimo senhor Ver. Aranha Filho.

Todavia, quero lembrar que muito antes de pensar que um dia os senhores me concedessem tamanha honra, minha alma já era brasileira, e minhas raízes já estavam fortemente plantadas na terra gaúcha, lugar bendito onde me casei e, com minha esposa Angelina, criamos três filhos: brasileiros e gaúchos.

Os primeiros tempos foram difíceis, onde aprendi o Português lendo jornais brasileiros e comparando as mesmas notícias publicadas em jornais Italianos.

Tinha um modesto negócio, que assumi apenas onze dias depois de ter chegado ao Brasil: uma casa lotérica chamada Agência Cambial, comprada de um primo e que, com muito sacrifício e, com a ajuda de meus filhos Francisco e Sergio, somados ao nosso dedicado quadro funcional, transformou-se na maior empresa de vídeo-foto-som do Rio Grande do Sul.

Mas, ainda assim, sempre digo aos meus filhos: de nada vale a prosperidade pessoal se nossa casa e nossa família forem uma ilha em meio à pobreza dos nossos semelhantes.

 O Brasil é minha Pátria e por isso agora me sinto à vontade para falar: muita coisa precisa ser mudada, há muito ainda por fazer. Antes de mais nada é preciso que cada Brasileiro, cada Gaúcho, tenha as mínimas condições humanas de habitação, alimentação, saúde e educação.

Meus amigos, mais uma vez quero agradecer este gesto de carinho da Câmara Municipal de Porto Alegre me concedendo o Título de Cidadão Emérito. Muito obrigado.”

 

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTE: No encerramento dos trabalhos da presente Sessão, compete à Presidência dirigir algumas palavras ao homenageado e aos presentes. Evidentemente que, observar Fedele Feoli, na tribuna, emocionado, tenho certeza que emociona a todos nós. Um homem que vem para o Brasil e que, no seu discurso, ainda se preocupa com a miséria que existe neste País, só este fato já seria suficiente para que esta Casa o homenageasse. Mas não foram apenas estas as razões que levaram esta Casa a aprovar, por unanimidade, o Projeto de Lei apresentado pelo Ver. Aranha Filho. É evidente que Fedele traz, na sua vida, as razões pelas quais a Câmara Municipal de Porto Alegre, que é a Casa do Povo, interpretasse o desejo da Cidade e homenageasse esse homem, que muito tem feito em prol de Porto Alegre.

Eu me sinto honrada em presidir esta Sessão. Sinto-me, também, tão emocionada quanto ele porque sou uma pessoa facilmente emocionável, mas não é o caso, e sinto por esta Casa ser pequena e que talvez não tenha podido receber a todos os amigos que gostariam de estar aqui, hoje, homenageando Fedele Feoli.

Nada mais havendo a tratar, estão encerrados os trabalhos da presente Sessão Solene. Convoco os Srs. Vereadores para a Sessão Ordinária a ser realizada amanhã, à hora regimental.

Estão levantados os trabalhos.

 

(Levanta-se a Sessão às 15h05min.)

 

Sala das Sessões do Palácio Aloísio Filho, 22 de outubro de 1986.

 

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